icon-ham
haitong

Vantagem da Grande Baía é o princípio ‘um país, dois sistemas’

A entrada do tunel da nova ligacao, junto ao aeroporto de Hong Kong, na nova ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, em Macau, China, 24 de outubro de 2018. A ponte é um marco do projeto de integração regional da Grande Baía, que visa criar uma metrópole mundial a partir dos territórios de Hong Kong, Macau e nove localidades da província chinesa de Guangdong (Cantão, Shenzhen, Zhuhai, Foshan, Huizhou, Dongguan, Zhongshan, Jiangmen e Zhaoqing). GONÇALO LOBO PINHEIRO/LUSA

 

O chefe do Governo de Macau defende que o princípio "um país, dois sistemas" é a marca distintiva do projeto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau e essa é "a sua maior vantagem".

Fernando Chui Sai On falava no simpósio de apresentação do documento "Linhas Gerais do Planeamento para o Desenvolvimento da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau", projeto que o Presidente chinês, Xi Jinping, considerou a "revitalização da nação".

"Devemos ter a profunda noção de que o princípio 'um país, dois sistemas' é a marca que permite distinguir a Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau de outras baías internacionais de excelência, e é também a sua maior vantagem", afirmou, na sua intervenção, numa referência às baías de Tóquio, São Francisco ou Nova Iorque.

O responsável destacou que Macau está, enquanto uma das cidades centrais da Grande Baía, "a organizar ativamente e a acelerar os trabalhos de articulação e a promover plenamente a vantagem institucional do princípio 'um país, dois sistemas'", criado nos anos 1970 pelo líder chinês Deng Xiaoping e em vigor nas regiões administrativas especiais chinesas de Macau e de Hong Kong.

Chui Sai On alertou que a construção da Grande Baía irá trazer a Macau "grandes oportunidades de desenvolvimento", que devem ser aproveitadas para "acelerar a integração [do território] na conjuntura do desenvolvimento" chinês.

Tal como já havia anunciado na segunda-feira passada, Macau vai continuar a reforçar as suas vantagens enquanto "centro mundial de turismo e lazer" e "plataforma de serviços para a cooperação comercial entre a China e os países lusófonos", no âmbito da construção da Grande Baía e da participação na iniciativa "Uma Faixa, Uma Rota".

Assim, será dada prioridade à construção de uma base de ensino e formação em turismo, que servirá a Grande Baía, e apostar também na criação da plataforma sino-lusófona de serviços financeiros e na base de formação de quadros bilingues de chinês-português, referiu.

O chefe do executivo de Macau, a cumprir os últimos meses do seu último mandato, lembrou que a Grande Baía envolve, além do princípio "um país, dois sistemas", três zonas aduaneiras, e exige um "espírito pragmático, flexível e criativo".

"As metas de desenvolvimento e a distribuição de missões abrangem vários domínios fundamentais, nomeadamente a construção de um centro de inovação tecnológica internacional, o aceleramento da conetividade das infraestruturas, a construção de um sistema industrial moderno com competitividade internacional, a promoção de valores ecológicos, a criação de um círculo de vida de boa qualidade e com boas condições de trabalho e de deslocação, o reforço da cooperação e a participação conjunta na iniciativa 'Uma Faixa, Uma Rota'", sublinhou.

Chui Sai On afirmou que as autoridades de Macau têm dado "a maior atenção à cooperação com as cidades da Grande Baía, no sentido da conjugação da indústria com a academia e a investigação" para "proporcionar mais oportunidades e condições mais favoráveis à inovação e ao empreendedorismo dos jovens na Grande Baía".

Ao concluir a sua intervenção no simpósio, o responsável prometeu que as autoridades do território vão continuar a empenhar "esforços na construção de Macau como base de cooperação e diálogo, sob o lema 'promover a coexistência das diversas culturas com predominância da cultura chinesa'" e para que mais de 400 anos de intercâmbio entre Oriente e Ocidente possam ser usados na construção de uma "grande baía cultural".

O projeto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau pretende criar uma metrópole mundial a partir de Hong Kong e Macau, e nove cidades da província de Guangdong (Dongguan, Foshan, Cantão, Huizhou, Jiangmen, Shenzhen, Zhaoqing, Zhongshan e Zhuhai), numa região com cerca de 70 milhões de habitantes e com um Produto Interno Bruto (PIB) que ronda os 1,3 biliões de dólares norte-americanos, maior que o PIB da Austrália, Indonésia e México, países que integram o G20.

De acordo com o documento agora apresentado, a Grande Baía vai converter-se, até 2022, num ‘cluster’ de classe mundial e, até 2035, numa área de excelência a nível internacional.

Elsa Jacinto