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Sacos de plástico passaram a ser pagos em Macau

epa07430598 (15/19) A view of a plastic bag in the Atlantic ocean off the 400-year-old village of Ngor on the western most tip of Africa, Dakar, Senegal, 22 February 2019. Senegal is choking on plastic waste with tens of thousands of tons of it ending up in the ocean every year. A problem that is not only threatening the coastal population but also the economy. Due to a lack of comprehensive municipal waste management mechanisms, communities have engaged in their own clean ups in some villages. Environmentalists urge a change of policy regarding the use of plastics is urgently needed by government.  EPA/NIC BOTHMA  ATTENTION: For the full PHOTO ESSAY text please see Advisory Notice epa07430583

Os sacos de plástico vão custar cerca de 10 cêntimos de euro em Macau, uma cidade que descartou, em média, mais de 315 quilogramas de plástico por dia no ano passado.

O valor em causa, uma pataca (cerca de 10 cêntimos de euro), “não é nada em Macau, a maioria das pessoas não se importa de pagar esse valor”, afirmou à Lusa a ativista ambiental Annie Lao.

“Não resolve o problema, porque as pessoas vão acostumar-se a pagar uma pataca por saco de plástico” cada vez que forem a lojas e supermercados no território, considerou a ativista, que promoveu em 2018 uma petição para a proibição dos sacos plásticos.

“A principal razão para a taxa é que o público entenda o impacto ambiental negativo nos nossos oceanos e no meio ambiente em Macau e no mundo, que está a colocar um enorme custo para nós e para a geração futura, o que é simplesmente insustentável”, referiu.

A primeira lei das restrições ao fornecimento de sacos de plástico, que entra em vigor na segunda-feira, apresenta duas exceções para esta taxa: os “produtos alimentares ou medicamentos não previamente embalados” e “produtos que estejam sujeitos a restrições relativas à segurança no transporte de bagagem de mão”.

Macau apresenta uma das maiores densidades populacionais do mundo, onde em cerca de 30 quilómetros quadrados vivem mais de 660.000 pessoas. Em 2018, 35,8 milhões de turistas visitaram a cidade.

De acordo com o último relatório do estado do ambiente, Macau descartou 522.548 toneladas em resíduos sólidos urbanos no ano passado.

Deste valor, 22,5% são plástico, tendo, no entanto, o Governo registado, em 2018, “uma diminuição na quantidade de plástico recolhido”. O mesmo relatório indicou que a quantidade de plástico recolhido, no ano passado, em 2018 foi de 250.194 quilogramas, menos 10,3% que o recolhido em 2017.

“Nos últimos 10 anos, houve uma tendência global de subida na quantidade de resíduos sólidos urbanos descartados de Macau e na quantidade de resíduos sólidos urbanos descartados per capita, mas observou-se um abrandamento no aumento entre 2015 e 2018”, reconheceram as autoridades.

Para o Governo, este aumento deveu-se sobretudo à “melhoria estável da economia de Macau, do aumento da capacidade de consumo dos residentes e do crescimento acelerado da quantidade de turistas”.

No ano passado, Macau produziu 2,7 toneladas de lixo ‘per capita’, mais 0,5% que em 2017 e mais do que cidades como Singapura, Hong Kong e Pequim.

“Se continuarmos assim, estamos apenas a criar um ambiente doente e insalubre em Macau para as pessoas que aqui moram. Portanto, as pessoas precisam de entender isto, com urgência, e precisam de começar a levar sacos reutilizáveis para carregarem as compras”, frisou a ativista.

O ideal “seria proibir os sacos de plástico e adotar leis rígidas para que empresas e pessoas passem a usar materiais biodegradáveis naturais e que usem sacos reutilizáveis próprios”, disse Annie Lao.

Em agosto, aquando da aprovação do diploma, o secretário para os Transportes e Obras Públicas reconheceu que a taxa sobre os sacos de plástico vem tarde. "É um passo de iniciação. Tarde, mas é um primeiro passo", afirmou Raimundo do Rosário.

Miguel Mâncio