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Portugal é plataforma entre China e países africanos de língua portuguesa

A subdiretora de Informação da Agência Lusa, Margarida Pinto (E), modera o debate

 

O presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) defende que Portugal é uma plataforma entre a China e os países africanos de língua portuguesa, uma "oportunidade económica inevitável" para as empresas.

Luís Castro Henriques falava à margem da conferência "O futuro de Macau na nova China", organizada pela agência Lusa, que decorreu no dia 16 de abril no Centro Científico e Cultural de Macau, em Lisboa.

"Demograficamente os PALOP [países africanos de língua oficial portuguesa] são os países que vão crescer mais no mundo nos próximos 30 anos", disse o responsável.

"A oportunidade económica já existe", considerou, salientando que esta oportunidade "é inevitável" para as empresas e que estas devem começar "a trabalhar agora para estarem prontas" para laborar "em escala mais tarde".

Portugal é uma "plataforma entre a China" e os PALOP, uma vez que tem vantagens.

"Está integrado no maior mercado do mundo", que em termos de valor é maior que a China, e o "enquadramento europeu é fantástico, é estável e acaba por ser conhecido por todos", apontou.

Ora, estas são "duas vantagens para utilizar Portugal como plataforma".

"Temos um conjunto de empresas quase globais que hoje têm presença muito importante" nos países africanos de língua oficial portuguesa e "nada melhor" que estas entidades "para fazer parcerias entre a CPLP e a China", considerou.

Sobre as declarações do ministro dos Negócios Estrangeiros, na abertura da conferência, de que é preciso desenvolver mais o comércio entre Macau e Portugal, o presidente da AICEP adiantou que tal tem vindo a ser feito.

"Temos participado numa série de encontros, eventos em Macau. Historicamente estamos sempre presentes no encontro anual do Fórum Macau", afirmou.

Agora, "o que é preciso é continuar a juntar empresários destes países todos porque a demografia e a economia aqui são incontornáveis", disse.

Relativamente à abertura de uma delegação da AICEP em Cantão, Luís Castro Henriques disse que o objetivo é que esta aconteça "o mais depressa possível", uma vez que o processo de seleção está lançado.

Durante a intervenção no painel "As pontes para a lusofonia", o presidente da AICEP recordou o potencial do mercado CPLP, que é perto de 300 milhões de pessoas, um bloco que vai crescer "de forma significativa" nos próximos anos" e que é relevante do ponto de vista económico.

Por sua vez, o presidente da Confederação Empresarial da CPLP, Salimo Abdula, queixou-se de "imbróglios burocráticos" que dificultam a atuação dos empresários, nomeadamente na obtenção de vistos e afirmou que a China coloca ao dispor dos países de expressão portuguesa "fundos bastante elevados".

Fundos esses, referiu, que não estão ainda a ser devidamente capitalizados: "Estamos a organizar-nos ainda", disse.

Já Rodrigo Brum, secretário-geral adjunto Fórum para a Cooperação Económica e comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum Macau), destacou o projeto Grande Baía, Sul da China, salientando que este foi descurado nos discursos iniciais da conferência.

"Este projeto tem um papel especial para Macau", sublinhou.

Para Alberto Pinto, diretor-geral de mercados internacionais da Delta Cafés, a presença na China é importante e serve de aprendizagem para o grupo português.

"A nossa aventura na China é, de facto, de longo prazo. Estamos para aprender, a China vai ser um definidor de tendências" no futuro.

Alexandra Luís