icon-ham
haitong

Pequim destaca prova da “viabilidade e popularidade” da fórmula ‘um país, dois sistemas’

epaselect epa04492890 A Chinese government supporter is seen outside Parliament House in Canberra, Australia, 17 November 2014. Chinese President Xi Jinping, who attended the G20 Leaders Summit in Brisbane, will be delivering an address to the Australian parliament on 17 November.  EPA/LUKAS COCH AUSTRALIA AND NEW ZEALAND OUT

O diretor do Gabinete de Ligação de Pequim considerou, num artigo, que Macau "prova totalmente" a "viabilidade e popularidade" da fórmula 'um país, dois sistemas' e enalteceu a "tradição patriota" da região semiautónoma.

"Como uma pérola brilhante no mar do Sul da China, Macau floresce agora com uma luz deslumbrante que atrai a atenção do mundo", descreveu Fu Ziying, num longo texto difundido pela 'Qiushi' ("A busca pela verdade"), uma importante publicação do Partido Comunista Chinês (PCC).

Apontando a melhoria dos índices na economia, ensino ou saúde, desde a transferência de soberania para a China, em 1999, o diretor do Gabinete de Ligação do Governo Central na Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) enfatizou o "patriotismo" do território, que comemora este mês 20 anos da transferência do exercício da soberania de Portugal para a China.

"Os compatriotas de Macau têm uma gloriosa tradição de patriotismo, que é o valor central da sociedade de Macau e a fonte da força para o desenvolvimento da região", realçou Fu, numa altura em que a região vizinha de Hong Kong atravessa uma das piores crises políticas de sempre.

O responsável considerou que o "patriotismo" estabeleceu uma "base sólida" para o Executivo local "governar efetivamente de acordo com a lei e garantir a prática bem-sucedida da fórmula 'um país, dois sistemas'".

Aquela fórmula permitiu definir para Macau e Hong Kong um elevado grau de autonomia a nível executivo, legislativo e judiciário por um período de 50 anos, após a transferência dos dois territórios para a República Popular da China.

No entanto, um projeto de lei proposto este ano em Hong Kong, e que permitiria extraditar criminosos para países sem acordos prévios, como é o caso da China continental, e que foi, entretanto, retirado, desencadeou protestos que duram há seis meses e estão cada vez mais violentos.

Face ao agravar da crise no território, a Assembleia Nacional Popular - o órgão máximo legislativo da China, onde mais de 70% dos deputados são membros do PCC, partido único do poder no país - revelou que vai estabelecer e fortalecer o sistema legal e um mecanismo de execução para salvaguardar a segurança nacional em Hong Kong.

Em causa está o artigo 23 da Lei Básica, a miniconstituição da Região Administrativa Especial de Hong Kong, que prevê que o território "promova leis que proíbam qualquer ato de traição, secessão e subversão contra o Governo Popular Central", mas que historicamente tem-se deparado com resistência pela população local.

Em 2003, uma tentativa de aprovar a lei anti-subversão, que proibiria os chamados crimes contra a pátria e contra os símbolos nacionais em Hong Kong, resultou numa manifestação com 500.000 pessoas, que obrigou o Executivo local a recuar.

Macau aprovou, em 2009, a "lei relativa à defesa da segurança do Estado" e, em 2018, o Conselho Executivo de Macau criou uma Comissão de Defesa da Segurança do Estado, uma das estruturas com que visa aperfeiçoar a segurança nacional.

Fu Ziying lembrou que as autoridades de Macau mantiveram uma "posição clara e firme" e "ousaram lutar" em "questões de princípio" envolvendo a "salvaguarda da soberania, segurança e desenvolvimento nacionais".

Macau "sempre encarou como premissa fundamental o reconhecimento do Estado, a manutenção da autoridade do governo central, o respeito ao sistema socialista e à posição dominante do Partido Comunista da China", resumiu.

Fu Ziying lembrou ainda que a RAEM elegeu com êxito cinco chefes do Executivo e realizou seis eleições para o conselho legislativo, e que os residentes de Macau "desfrutam hoje de mais direitos e liberdades democráticas do que nunca".

Em Macau e Hong Kong os candidatos ao cargo de chefe do Executivo têm de ser aprovados pelo Governo chinês e são depois votados por um colégio eleitoral. Em Macau, este colégio integra 400 elementos representativos da sociedade, quer através de cargos como os de deputados à Assembleia Legislativa, quer por indicação das associações e grupos profissionais do território, desde grupos industriais, comerciais e financeiros até a setores culturais e desportivos.

O diretor do Gabinete de Ligação enfatizou ainda o papel da região na vocação internacionalista de Pequim, nomeadamente como plataforma de cooperação entre a China e os países de língua portuguesa.

"Macau da China está calmamente e com confiança a integrar-se no mundo, contribuindo com a sua sabedoria e força para construir uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade e a ajudar o país a participar na governação global", frisou.

 

João Pimenta