Ocupação de hotéis em Macau cai para 16%, entrada nas fronteiras desce 91,2%
As entradas nas fronteiras de Macau desceram 91,2% e a taxa de ocupação dos hotéis caiu para os 16%, números que ilustram o impacto do surto do coronavírus Covid-19 no território, informaram as autoridades.
Os dados sobre as entradas em Macau respeitam ao período entre 27 de janeiro e 11 de fevereiro, uma diminuição drástica em relação a igual período do no anterior, explicou o chefe da divisão das Relações Públicas da Corporação da Polícia de Segurança Pública, Lei Tak Fai.
Já a queda significativa da taxa de ocupação, que obrigou pelo menos 26 estabelecimentos hoteleiros a fechar portas, verificou-se entre 01 e 07 de fevereiro, esclareceu a chefe do departamento de licenciamento e inspeção da Direção dos Serviços de Turismo, Inês Chan.
A paralisação económica em Macau é um dos efeitos associados ao surto do coronavírus, num território que é apelidado de capital do jogo mundial, dependente do mercado turístico chinês, que recebeu quase 40 milhões de visitantes em 2019, a esmagadora maioria do interior da China.
Para além do encerramento dos casinos e de hotéis, o Governo de Macau ordenou o fecho de espaços de diversão noturna, espaços públicos, cinemas e teatros e enviou para casa alunos e funcionários públicos, que trabalham à distância.
Os negócios ligados à indústria do turismo e do jogo foram os primeiros a serem afetados, com a restauração, lentamente, a não resistir à falta de movimento nas ruas.
Bancos como o Banco Nacional Ultramarino, do Grupo Caixa Geral de Depósitos, já lançaram um “pacote anti-epidemia” especialmente destinado a ajudar as pequenas empresas.
Na terça-feira, a Fitch Ratings ainda fez uma análise na qual se sublinha a resiliência da banca de Macau, defendendo que está mais imune à queda dos preços de imóveis, agora que enfrenta o surto do novo coronavírus chinês, do que aquando da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), que entre 2002 e 2003 que matou 774 pessoas em todo o mundo e atingiu as duas regiões chinesa.
Contudo, alertou a Fitch, “os ganhos bancários serão enfraquecidos no curto prazo”.
A agência de notação financeira ressalvou que apesar das medidas excecionais anunciadas pelo Governo de Macau, “é provável que o impacto no Produto Interno Bruto (PIB) no território seja significativo, uma vez que as receitas de jogos contribuem com cerca de 70% para o seu PIB”. Mas, sublinhou, a repercussão “na qualidade dos ativos dos bancos deve ser contida, desde que o impacto no PIB não seja prolongado”.
A Fitch lembrou também que as autoridades de Macau já anunciaram medidas de apoio destinadas a reduzir os encargos financeiros daqueles que possuem empréstimos e que enfrentam dificuldades, que podem agora solicitar um adiamento até seis meses no pagamento da dívida, devido ao impacto financeiro e económico que decorre do coronavírus.
No final de janeiro, a mesma agência de notação financeira avisara que se o surto do coronavírus continuasse a alastrar o impacto seria significativo, ainda que temporário, no fluxo de caixa dos casinos de Macau.
À Lusa, o economista Albano Martins disse mesmo que Macau pode perder 15 mil milhões de patacas do Produto Interno Bruto (PIB) em apenas 15 dias de paralisação económica, motivada pelas medidas excecionais para conter o novo coronavírus e que o Governo de Macau pode deixar de arrecadar receita no valor de 4,7 mil milhões de patacas (530 milhões de euros).
“Isto é uma projeção para apenas 15 dias. Se a situação se arrastar, e eu acredito que sim, então o impacto vai ser dramático, para a economia em geral, para as operadoras de jogo em particular, e para as pessoas”, sublinhou.
João Carreira