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Novo ‘resort’ da Sociedade de Jogos de Macau deverá empregar seis mil pessoas

A empresária Pansy Ho, filha do magnata do jogo Santley Ho, disse à Lusa que o ex-presidente da Assembleia Legislativa (AL) de Macau Ho Iat Seng é a pessoa certa para ocupar o cargo de chefe do Governo, Hong Kong, China, 12 de julho de 2019. “É a pessoa certa”, afirmou em entrevista à agência Lusa a multimilionária que lidera um grupo com investimentos em Macau, Hong Kong e China na área do imobiliário, transportes, hotelaria e construção civil, quando se está a pouco mais de um mês das eleições para chefe do executivo de Macau, agendadas para 25 de agosto. (ACOMPANHA TEXTO DE 15 DE JULHO DE 2019). JOÃO CARREIRA / LUSA

A presidente executiva da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), Daisy Ho, afirma que o grupo está a trabalhar para abrir no próximo ano o 'resort' Grand Lisboa Palace, no Cotai, que deverá empregar cerca de seis mil pessoas.

"Esperamos que seja possível em 2020. Já submetemos o nosso plano ao Governo e há todo um procedimento em termos de inspeções", afirmou Daisy Ho, em declarações aos jornalistas, à margem da inauguração de uma exposição de miniaturas gastronómicas no casino-hotel Grand Lisboa.

A inauguração do novo espaço de jogo e hotelaria da SJM chegou a estar prevista para 2017, mas o projeto sofreu vários atrasos ao longo dos anos, incluindo incêndios e tufões. A construção teve início em 2014.

O grupo, que opera 22 casinos no território, planeia empregar cerca de seis mil pessoas com este novo espaço, com mais de 500 mil metros quadrados no Cotai, faixa de casinos entre as ilhas da Taipa e de Coloane.

"Já contratámos pessoal para posições que são fulcrais neste momento (...) e vamos começar a contratar o máximo de pessoas possível talvez no final deste ano ou início do próximo", disse.

O Grand Lisboa Palace terá uma área total de 521 mil metros quadrados. Mais de 90% da área total será dedicada a instalações não-jogo, incluindo hotéis, como o Palazzo Versace e Karl Lagerfeld, num total de dois mil quartos.

O primeiro grande casino-hotel da Sociedade de Turismo e Diversões de Macau, antecessora da Sociedade de Jogos de Macau como operador de jogo e sociedade-mãe da SJM, foi o hotel Lisboa, inaugurado nos anos de 1960, seguindo-se o Grand Lisboa, em 2007.

 

Mercado de massas não deve cobrir perdas do segmento VIP em Macau

 

A presidente executiva da SJM admite que o crescimento do mercado de massas não deverá amortizar por completo a recente diminuição das receitas provenientes das grandes apostas (VIP).

"Pode compensar parcialmente, mas em termos globais, e apesar de estarmos a trabalhar para isso, há a possibilidade de que não seja possível", afirmou Daisy Ho, em declarações aos jornalistas à margem da inauguração de uma exposição no hotel-casino Grand Lisboa.

No terceiro trimestre do ano, a SJM registou receitas provenientes do jogo no valor de 8,240 mil milhões de dólares de Hong Kong (950 milhões de euros), uma diminuição de 3,2% relativamente aos meses de julho a setembro de 2018.

A quebra deveu-se, em grande parte, à diminuição das receitas provenientes das grandes apostas: 2,9 mil milhões de dólares de Hong Kong (330 milhões de euros), quando no ano passado esse valor cifrou-se em 5,04 mil milhões de dólares de Hong Kong (580 milhões de euros). Em contrapartida, as receitas do segmento de massas aumentaram, no mesmo período em análise, 12,1% para 6,31 mil milhões de dólares de Hong Kong.

Ainda assim, o grupo fundado pelo magnata do jogo Stanley Ho obteve, no terceiro trimestre deste ano, lucros de 738 milhões de dólares de Hong Kong (85 milhões de euros), um aumento de 4,5% em relação ao período homólogo de 2018.

Por outro lado, a responsável da SJM afastou a possibilidade de Macau vir a sofrer uma contração tão forte como a de Hong Kong, que entrou este mês em recessão técnica, ao fim de quase cinco meses de protestos antigovernamentais.

"Penso que a recessão em Hong Kong é causada por questões políticas, dificilmente Macau irá sofrer a mesma recessão. No geral, o crescimento é menor, mas será estável se comparado com o de Hong Kong", declarou.

Recentemente, o Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu em baixa as previsões para Macau, já que em abril antecipava um crescimento acima dos 4% para este ano e, no relatório mais recente, indicou uma recessão de 1,3% e nova contração da economia, de 1,1%, em 2020.

Segundo a chefe da missão do FMI em Macau Mariana Colacelli, o que mais contribuiu para a viragem das previsões foi a diminuição dos investimentos e exportações, por sua vez afetados pelo "turismo do jogo".

"Projetamos uma contração para 2019, já que as receitas do jogo são afetadas negativamente pelo crescimento lento da China. Além disso, a incerteza criada pelo fim das licenças de jogo em 2022 terá de ser resolvida para que o investimento recupere", considerou, em nota enviada à Lusa em 21 de outubro.

Francisca Sottomayor