Macau/99: Bela Vista encerra como hotel para ser casa do cônsul de Portugal
Arquivo Lusa 1999
Macau, 28 Mar (Lusa) - O hotel Bela Vista, em Macau, fechou hoje definitivamente as suas portas ao público para se transformar, a 20 de Dezembro de 1999, na residência oficial do cônsul-geral de Portugal em Macau.
Na última noite como hotel, o Bela Vista recebeu pela primeira vez como hóspede um governador de Macau, com Rocha Vieira a pernoitar na unidade hoteleira que desde 1992 é explorada pela cadeia Mandarim Oriental.
Antes de subir à suite "Bela Vista", aquela que recentemente esteve destinada a Jorge Sampaio durante a sua visita oficial ao território, Rocha Vieira ofereceu um jantar nos jardins do hotel para cerca de 300 personalidades de Macau.
Antes do encerramento oficial do Bela Vista como hotel, a Administração de Macau e o Mandarim Oriental ofereceram uma festa para cerca de 300 convidados.
Ao longo da sua história, o Bela Vista recebeu hóspedes ilustres como, entre outros, Mário Soares, Cavaco Silva, o ex-governador de Hong Kong, Chris Patten, e o presidente francês Jacques Chirac.
De acordo com historiadores, o edifício do Bela Vista foi construído em 1870, tendo sido explorado pela primeira vez como hotel em 1890 pelo marinheiro britânico William Clarke.
Ao longo da sua história, o edifício, de traça colonial, serviu ainda de hospital, centro de refugiados, liceu - tendo como professor mais distinto o poeta Camilo Pessanha - e cenário de produções cinematográficas, a última das quais, em 1988, trouxe a Macau Sir Peter Ustinov para a rodagem da série "A Volta ao Mundo em 80 dias".
O hotel foi adquirido em 1989 pelo Governo de Macau por 11,5 milhões de patacas (cerca de 230 mil contos ao câmbio da época) e a sua remodelação implicou um investimento de 45 milhões de patacas suportados pela Administração do território (35 milhões) e pela cadeia hoteleira "Excelsior Hotels" (dez milhões), responsável pela gestão do bela Vista.
Com o projecto de renovação a cargo do arquitecto Bruno Soares e a decoração interior entregue a Jorge Burnay, o renovado Bela Vista manteve a sua traça original mas passou a dispor de uma calçada à portuguesa nos jardins. De Portugal vieram também peças de mobiliário, tapeçarias e um serviço "Vista Alegre" do final do século XIX.
Dotado de um restaurante para 60 pessoas, que serve comida portuguesa, o hotel passou a dispor de oito quartos - em vez dos 25 anteriores - todos eles designados por nomes de figuras e locais relacionados com o território, designadamente, "Bela Vista", "Macau", "Taipa", "Coloane", "Camões", "Guia", "Penha", e "Lilau".
Apesar do luxo que contrasta com a decadência que o caracterizou antes da remodelação, o "Bela Vista" manteve, no entanto, a magia que o tornou célebre ao longo de um século, com a sua varanda sobre o rio das Pérolas, de onde se desfruta uma das vistas mais soberbas e repousantes de Macau.
Lusa/fFm