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Macau/99: Segurança, jogo e economia na mente dos membros da Comissão de Selecção

Arquivo Lusa 1999

Macau, 08 Mai (Lusa) - As questões sobre a segurança e a indústria do jogo bem como sobre a crise económica foram as que mais amiúde foram hoje colocadas pelos membros da Comissão de Selecção ao candidato a chefe do executivo Edmund Ho Hau Wah.

Na segunda sessão de perguntas e respostas aos dois candidatos a chefe do executivo da futura Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), Edmund Ho respondeu a 31 questões que se concentraram, de novo, na questão da falta da deterioração da segurança em Macau, que se encontra associada à indústria do jogo, embora os membros da comissão tenham questionado o candidato sobre outros temas como a saúde, segurança social e educação.

Para Edmund Ho, o problema de segurança existente em Macau encontra-se ligado à crise económica que assola a Ásia.

Para o candidato, há alguns anos não havia problemas de segurança em Macau embora houvesse casinos.

Com a crise e a menor afluência de jogadores as receitas do jogo baixaram e a sua distribuição começou a gerar conflitos.

Respondendo directamente a um membro da Comissão de Selecção que chegou a sugerir o encerramento dos casinos, Edmund Ho argumentou que é importante manter a estabilidade da indústria do jogo atendendo ao facto de ser um sector chave da economia de Macau.

"Tenho algumas ideias pensadas, mas não as vou poder revelar sem saber se serei eleito. Caso o venha a ser falarei com Stanley Ho, o patrão da empresa concessionária, para encontrar soluções para o problema da falta de segurança", adiantou.

O candidato aproveitou esta pergunta para esclarecer que em momento algum esteve associado a elementos das seitas e que se conhece alguns dos seus dirigentes tal deve-se ao facto de serem  pessoas dos conhecimentos de seu falecido pai e que quando com eles mantém relações são apenas no âmbito da sua actividade profissional, como presidente do Banco Tai Fung.

Referiu-se ainda ao jogo e a manutenção ou não do actual contrato de concessão.

"Aquilo que posso dizer é que é difícil afirmar que o jogo tal como existe se vai manter sem alteração ou se pelo contrário vai ser modificado. Acho que é mais importante encontrar um modelo de
desenvolvimento para a indústria do jogo. Se o senhor Stanley Ho e a Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM) se mantêm com a concessão não o posso agora afirmar", adiantou.

Disse ainda que neste caso concreto é muito importante, além da necessidade de se encontrar o tal modelo de desenvolvimento para a indústria do jogo, que o governo da futura RAEM tenha uma posição perfeitamente transparente e imparcial, apoiada em estudos que irão ser conduzidos.

Relativamente às suas políticas de educação e para a juventude, o candidato voltou a reafirmar o seu imenso empenho em que os jovens tenham acesso ao melhor ensino possível, mencionou de novo a necessidade de haver em Macau escolas de elevada qualidade para formar as elites que irão conduzir o território no futuro e mostrou-se preocupado com o problema do primeiro emprego.

"Diz o senhor membro da comissão que há jovens que, saídos das escolas, não conseguem encontrar o primeiro emprego. Eu digo que esses jovens têm de ter paciência e optar por um posto de trabalho menos bom que a seu tempo conseguirão encontrar um emprego que lhes permita aplicar os conhecimentos aprendidos nos bancos da escola", disse Edmund Ho.

Sobre a recuperação da economia, com o desemprego a aumentar e os preços em queda, o candidato a chefe do executivo afirmou pretender dinamizar o sector do turismo e do jogo a curto prazo mas disse que uma das medidas mais importantes nesta área é a cooperação com o governo da República Popular da China para a busca de soluções mais coerentes.

Quanto ao desemprego disse que o problema não se encontra na indústria dado que, se a taxa de desemprego se encontra próxima dos 6,0 por cento, o sector industrial é responsável por apenas 20 por cento desses desempregados.

A sugestão de Edmund Ho para resolver o problema do desemprego é a de transferir para as empresas que aumentem os seus quadros com pessoas temporariamente sem trabalho os benefícios actualmente concedidos aos desempregados.

A última questão a ser colocada foi precisamente a da liberdade de imprensa, se irá ou não ser respeitada na futura RAEM, com Edmund Ho a apelar à Comunicação Social que faça críticas  construtivas ao Governo.

"O papel da imprensa é importante mas é mais importante que o Governo tenha uma actuação transparente", afirmou o candidato a chefe do executivo.

Lusa/Fim