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Desenvolvimento do jogo e do turismo pode agravar riscos de segurança em Macau

epa05292988 A tourist takes photographs near the ruins of Saint Paul's as the Grand Lisboa Casino stands in the background in Macau, China, 06 May 2016 (issued 07 May 2016). Macau, once a popular destination for mainland gamblers, launched in April an ambitious five-year plan to increase tourism revenues and to reduce the economy’s reliance on gaming.  EPA/JEROME FAVRE

O rápido desenvolvimento do jogo e do turismo pode a agravar os riscos de segurança em Macau, embora, em 2018, a situação se tenha mantido estável, afirmou hoje o secretário para a Segurança do território.  

Wong Sio Chak deu como exemplo um caso de homicídio, ocorrido em 17 de fevereiro último, de um "assíduo frequentador dos casinos", não residente de Macau, e a operação da Polícia Judiciária, no domingo, que levou ao desmantelamento de uma associação criminosa e à detenção de mais de 70 pessoas, implicadas em crimes de burla, roubo e sequestro.

"É necessário manter um alerta constante e de alto nível, nunca podendo baixar a guarda sobre as questões de segurança que nos traz o setor do jogo, avaliando-as a todo o momento, ajustando em tempo oportuno a implementação dos dispositivos policiais, continuando a melhorar o mecanismo de resposta", disse o responsável, na conferência de imprensa para apresentar do balanço dos dados estatísticos da criminalidade e dos trabalhos de execução da lei.

O secretário indicou que uma das prioridades é o reforço da comunicação e da cooperação com a polícia do interior da China "para responder efetivamente a todos os tipos de incidentes súbitos e graves de segurança que a indústria do jogo possa trazer".

No total de 327 processos instaurados por crime de sequestro no ano passado, contra 139 casos em 2017, e de 568 processos pelo crime de usura, contra 440 em 2017, o secretário destacou que a maioria dos suspeitos e das vítimas não são residentes em Macau, e a maior parte dos casos ocorreu no interior dos casinos do território.

Isto significa que "a ocorrência [daqueles crimes] não constitui ameaça para a segurança da sociedade do território", garantiu Wong Sio Chak.

Mas, em resposta, "às tendências que representa o fenómeno da criminalidade" relacionada com o jogo, os Serviços de Polícia Unitários (SPU) vão continuar a "organizar e coordenar ações de fiscalização policial de grande dimensão", enquanto a PJ criou "um centro de coordenação" com funcionamento contínuo para "coordenar e mobilizar os investigadores criminais e as quatro equipas de inspeção destacadas nos casinos" para proceder também ao "acompanhamento imediato dos casos súbitos", acrescentou.

A troca ilegal de moeda levou a polícia de Macau a realizar, em 2018, 913 operações de combate aos "burlões de troca de dinheiro", o que levou à repatriação de 3.050 pessoas e à aplicação de proibição de reentrada a 2.269.

"Em 2019, continuaremos a prestar elevada atenção à questão de segurança provocada por burlões de troca de dinheiro e iremos proceder a ações mais eficazes de execução da lei", afirmou.

Só em janeiro passado, o Corpo da Polícia de Segurança Pública (CPSP) e a PJ "intercetaram um total de 545 burlões de troca de dinheiro". A maioria foi repatriada e 411 foram proibidos de voltar a entrar em Macau, indicou.

O secretário acrescentou que a PJ apresentou à secretaria para a Administração e Justiça uma proposta de introdução de um crime específico para as atividades relacionadas com as estações emissoras de mensagens 'spam', na revisão da lei de combate ao crime informático.

O objetivo é "agravar o ónus penal da prática desse crime, visando a dissuasão", adiantou Wong Sio Chak, que espera a conclusão da revisão da lei ainda este ano.

Em termos gerais, ao longo do ano passado, a polícia instaurou "um total de 14.365 inquéritos criminais", mais 72 casos do que em 2017 (mais 0,5%), enquanto a criminalidade violenta registou 647 casos, uma descida de 21% em relação aos 820 casos assinalados em 2017.

Macau, com mais de 656 mil habitantes, recebeu mais de 35 milhões de visitantes, no ano passado. Em janeiro, as receitas dos casinos rondaram os 25 mil milhões de patacas (cerca de 2,7 mil milhões de euros). O território é o único local na China onde o jogo em casino é legal.

Elsa Jacinto