Brasil exige que Fórum de Macau transforme recursos em “resultados concretos”
O embaixador brasileiro em Pequim, Paulo Estivallet de Mesquita, disse que o Fórum de Macau é um mecanismo de cooperação "interessante", mas considerou ser importante começar a transformar os recursos disponíveis em resultados concretos.
"Nós partimos, às vezes, de uma declaração de disposição mútua para trabalharmos juntos, para cooperar, e fazer coisas, mas a dificuldade está em transformar isso em passos concretos", afirmou o diplomata à agência Lusa, em Pequim.
Paulo Estivallet de Mesquita considerou que é importante que o Fórum "comece a produzir resultados concretos".
No âmbito do Fórum de Macau, a China criou um Fundo de Cooperação para o Desenvolvimento entre a China e os Países de Língua Portuguesa, no valor de mil milhões de dólares (879 mil milhões de euros), e gerido pelo Banco de Desenvolvimento da China (CDB, na sigla em inglês).
O diplomata brasileiro lembrou que "os chineses têm o hábito de fazer anúncios de grandes montantes de recursos disponíveis, mas que a "questão é transformar esses grandes volumes em projetos concretos".
Segundo revelou à Lusa, em junho passado, a secretária-geral do Fórum de Macau Xu Yingzhen, o fundo investiu até agora 120 milhões de dólares (105 milhões de euros) em cinco projetos: quatro em países lusófonos -- que não especificou - e um em Macau.
Empresários queixam-se da dificuldade em conseguir financiamento através do fundo, face às altas taxas de juro exigidas e difíceis de alcançar em projetos de infraestruturas.
O embaixador enfatizou, no entanto, que o Brasil continua "disposto" a trabalhar com o Fórum.
"Na medida em que o fórum de Macau possa ser um mecanismo de cooperação, em que se aproveitem as vantagens de uma atuação conjunta, que nos ajudem a superar até barreiras linguísticas no acesso à China ou os desafios de lidar com essa sociedade tão complexa, nós estamos interessados em participar", descreveu.
O Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa foi criado em outubro de 2003.
A instituição tem sede na Região Administrativa Especial de Macau e é formada por representantes da China, Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
João Pimenta