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Turismo, Inovação e Cultura são boas apostas em Macau

 

A delegada da AICEP disse hoje à Lusa que, para além do tradicional setor do turismo, as Indústrias Culturais e Criativas e a Inovação e Empreendedorismo são apostas com potencial para as empresas portuguesas exportadoras.

"Sendo o turismo um dos motores da economia de Macau, com um recorde de 35,8 milhões de turistas em 2018, oferecendo serviços de qualidade, não só a nível de hotelaria de luxo, mas também a nível de restauração e serviços, temos aqui um potencial a explorar, nomeadamente, a nível de produtos da Fileira Casa (têxteis lar, porcelanas, cutelaria, mobiliário, iluminação, etc), nos quais Portugal tem empresas com capacidade de oferecer produtos de elevada qualidade, inovadores e reconhecidos internacionalmente", disse Maria Carolina Lousinha.

Em entrevista à Lusa, a delegada da Agência de Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) em Macau acrescentou que "poderá ter também potencial, tendo em consideração as características deste mercado e a oferta portuguesa, o sector das Indústrias Culturais e Criativas, que abarca vários produtos que vão desde livros, cinema, dança e música, a design, pintura, arquitetura, entre outros".

Por outro lado, acrescentou, "outra área que merece atenção é a da Inovação e Empreendedorismo", já que "Portugal e Macau, através de um memorando de entendimento, estão a desenvolver esforços no sentido de fomentar o intercâmbio e a cooperação entre os jovens empreendedores da China e dos Países de Língua Portuguesa, bem como de assegurar as instalações básicas e serviços de apoio de qualidade junto dos empreendedores juvenis através do recentemente criado 'Centro de Intercâmbio de Inovação e Empreendedorismo para Jovens da China e dos Países de Língua Portuguesa', em Macau".

Questionada sobre o ponto de vista das empresas que tentam estabelecer-se em Macau como porta de entrada no gigantesco mercado chinês, Maria Carolina Lousinha argumentou que isso "depende muito do tipo de atividade que a empresa pretende exercer em Macau", mas lembrou que "quem quer trabalhar o mercado chinês tem que estar próximo da China".

Nesse sentido, apontou, "com o projeto da Grande Baía, Macau passa a estar mais integrado na China continental, por isso, as empresas que tiverem presença em Macau, para além da proximidade, acabarão por beneficiar do acesso a um mercado de mais de 70 milhões de pessoas da Grande Baía".

A integração regional foi aliás, uma das vantagens apresentadas pela delegada portuguesa na entrevista à Lusa: "Tivemos, recentemente, uma situação que mostra como Macau pode funcionar como plataforma para as empresas portuguesas na China continental", disse Maria Carolina Lousinha.

"Com a grande procura de carne de porco, por parte da China, algumas empresas de Macau intermediaram o contacto entre empresas portuguesas do sector e importadores do produto em Zuhai, que faz fronteira direta com Macau", exemplificou, vincando que "Macau está a apostar na participação ativa na rede de zonas de livre comércio que têm vindo a ser criadas na China".

Por isso, acrescentou, "as zonas de livre comércio de Tianjin, Guangdong-Hong Kong-Macau, bem como a de Fujian, podem constituir oportunidades para as empresas portuguesas, caso sejam reunidos e cumpridos uma série de pressupostos que confiram vantagens comparativas, nomeadamente do ponto de vista da flexibilização das políticas alfandegárias, de um ambiente mais aberto ao investimento exterior de acordo com as práticas internacionais".

A participação portuguesa, via Macau, nestas zonas de comércio livre, "alicerçadas em sólidos planos de negócios e de marketing, podem conferir às empresas portuguesas o acesso facilitado ao mercado chinês", concluiu a delegada da AICEP em Macau.

 

Exportações subiram

 

As exportações nacionais para aquele território subiram 23,1% nos primeiros sete meses de 2019 face ao período homólogo de 2018, para 17,7 milhões de euros.

"Nos sete primeiros meses de 2019, as exportações portuguesas para Macau somaram um total de 17,7 M€, mais 23,1% que em igual período de 2018, um sinal positivo para Portugal", considerou Maria Carolina Lousinha em entrevista à agência Lusa.

"O volume das trocas comerciais entre Portugal e Macau ainda tem muita margem de crescimento", apontou a representante portuguesa, lembrando que "em 2018, o total exportado de Portugal para Macau foi de 27,8 milhões de euros".

Os produtos alimentares, nomeadamente os vinhos, aguardentes e medicamentos, tiveram um peso de 34% do total das exportações portuguesas para este mercado, de acordo com os dados da AICEP, seguido pelos produtos químicos, com um peso de 24,9%.

Os produtos agrícolas representaram 18,4% e máquinas e aparelhos valeram 16,1% do total, diz a AICEP, destacando que "nos produtos alimentares o destaque vai para os vinhos, aguardentes e licores, conservas de peixe, azeite, bacalhau e enchidos".

As importações provenientes de Macau foram de 2,9 milhões de euros, mas sofreram nos primeiros sete meses deste ano uma quebra de 33% face ao período homólogo do ano passado, passando de 1,7 mil de janeiro a julho de 2018, para 1,1 milhões de euros nos primeiros sete meses deste ano.

O número de empresas portuguesas exportadoras para Macau tem vindo a aumentar sustentadamente desde 2014, quando eram 364 as empresas que vendiam para este território chinês, até chegar a 474 no ano passado, segundo os dados da AICEP.

Os produtos químicos ocupam a esmagadora maioria dos produtos que Portugal compra a Macau, valendo 83,7% do total.

 

Mário Baptista