icon-ham
haitong

Maioria dos países que reconheceu a China abandonou Taiwan

epa07334859 Soldiers hoist Taiwan's national flag at Liberty Square in Taipei, Taiwan, 01 February 2019. China sees Taiwan, which was cut off from China at the end of the Chinese Civil War in 1949, as its breakaway province awaiting reunification with the motherland. Taiwan claims it is a sovereign country and its future must be decided by the 23 million Taiwanese.  EPA/DAVID CHANG

 

O professor de ciência política da Universidade Nacional de Taiwan Syshyan Chen diz que a ilha de Taiwan foi abandonada pela maioria dos países que reconheceu a República Popular da China, país com o qual Portugal estabeleceu relações diplomáticas há 40 anos, em 08 de fevereiro de 1979.

“A maioria dos países do mundo estabeleceu relações diplomáticas com a China e abandonou Taiwan, (…) pelas realidades económicas e políticas, e submeteu-se à política única da China, que é a pré-condição para receber ganhos económicos” de Pequim, afirmou Syshyan Chen, docente especializado em Pensamento Político Ocidental e em Filosofia Política.

Por outro lado, defendeu que Portugal, como membro da União Europeia (UE), devia reconhecer o estatuto da Ilha Formosa, território para o qual os nacionalistas do Kuomintang se refugiaram durante a guerra civil chinesa, depois de terem sido derrotados pelo Partido Comunista Chinês em 1949.

No momento em que os portugueses assinalam 40 anos de relações diplomáticas com a República Popular da China, Syshyan Chen considera que este é um dos desafios que se colocam a Portugal perante Taiwan, “uma democracia que preza a liberdade e os Direitos Humanos”, e um território a que os “antepassados [portugueses] chamaram com alegria de Ilha Formosa há mais de 400 anos, quando a avistaram pela primeira vez”.

O professor recorda que Portugal é membro da União Europeia e questiona-se sobre “como vai responder ao anúncio da UE para se apoiar Taiwan junto da comunidade internacional”.

O especialista refere-se à resolução do Parlamento Europeu de 12 de setembro de 2018, na qual se instam os Estados membros a “envidarem todos os esforços para exortar a República Popular da China a abster-se de mais provocações militares” e na qual se “reitera o firme apoio à participação significativa de Taiwan em organizações internacionais, como a Organização Mundial de Saúde e a Organização da Aviação Civil Internacional”, já que “a exclusão permanente” daquele território “não se coaduna com os interesses” europeus.

Num momento de crescente pressão chinesa sobre a ilha que Pequim reclama, reforçada desde a ascensão do Presidente Xi Jinping, o especialista traça os dois cenários que devem merecer reflexão das autoridades portuguesas: por um lado, os “atos incivilizados e brutais no âmbito nacional e internacional”, com a China a ser “condenada pela sociedade internacional em várias ocasiões” e, por outro, Taiwan, uma “democracia que preza a liberdade e os Direitos Humanos”.

A República Popular da China foi proclamada em 1949, mas Portugal precisou de um interregno de 30 anos para reconhecer e estabelecer relações diplomáticas com o país comunista, o que só veio a acontecer depois do 25 de Abril, em 08 de fevereiro de 1979.

Lisboa assinou um tratado com Pequim que estabelecia que Macau era um território chinês sob administração portuguesa e que a transferência para a República Popular da China se efetuaria a 20 de dezembro de 1999.

O tratado foi assinado a 13 de abril de 1987 (Declaração Conjunta Sino-Portuguesa sobre a Questão de Macau).

 

João Carreira