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Moodys elogia resistência de Macau à concorrência

epa05840091 Chinese security officers stand guard during a press conference by Zhou Xiaochuan, Governor of the People's Bank of China (PBC) on the sideline of the fifth session of the 12th National People's Congress (NPC) in Beijing, China, 10 March 2017. The NPC has over 3,000 delegates and is the world's largest parliament or legislative assembly though its function is largely as a formal seal of approval for the policies fixed by the leaders of the Chinese Communist Party. The NPC runs alongside the annual plenary meetings of the Chinese People's Political Consultative Conference (CPPCC), together known as 'Lianghui' or 'Two Meetings'.  EPA/HOW HWEE YOUNG

O analista da Moody's que segue a economia de Macau considera que o aumento do rendimento na China e a forte implantação de Macau no mercado do turismo vão sustentar a concorrência de outros países asiáticos.

"O principal ponto para nós é o aumento do rendimento dos chineses e a proximidade com a China continental, que vão sustentar a procura, e Macau está bem estabelecido, mesmo apesar da crescente concorrência de outras partes da Ásia", disse Matthew Circosta.

Em entrevista telefónica à Lusa, um dia depois da agência de notação financeira ter apresentado o relatório que mantém o 'rating' de Macau, e com Perspetiva de Evolução Estável, Circosta explicou que a região "tem uma significativa capacidade de servir a crescente procura da China e tem, na prática, o monopólio do jogo, por isso a proximidade com a China e a subida dos rendimentos no país vão sustentar o crescimento económico, mesmo apesar da concorrência".

Na quarta-feira, a Moody's afirmou o 'rating' de Macau em Aa3, referindo-se à análise que faz "à credibilidade de crédito do Governo", mas como "Macau não tem dívida para avaliar [já que não é um país], só existe um 'rating' de emissor (Aa3), que é separado da avaliação sobre a emissão de títulos em moeda estrangeira e dos tetos dos depósitos bancários, ambos em Aa2", explicou Circosta à Lusa.

Assim, no sentido tradicional dos 'ratings' (capacidade de pagar a dívida soberana emitida por um país), Macau tem o nível de Aa2, mas como não emite dívida pública, já que não é um país, a Moody's aponta para um 'rating' geral de Aa3, que mede a credibilidade financeira geral do Governo de Macau.

Questionado sobre a razão de Macau não ter um 'rating' ainda mais elevado, dada a ausência de dívida, as significativas reservas orçamentais, suficientes para sustentar sete anos de despesa pública, e o forte crescimento económico de 4,5% neste e no próximo ano, Matthew Circosta respondeu que a nota resulta da grelha de avaliação que a Moody's usa para todos os países: "Olhando para os riscos todos, acabámos por decidir manter Macau em Aa3".

Os principal risco para a economia de Macau, explicou Circosta, está relacionado com a dependência das decisões de política económica tomadas em Pequim, que podem minar a capacidade de resistir a choques externos.

"O grande desafio é que Macau é e vai continuar a ser suscetível às decisões da política chinesa, o que coloca riscos não só ao setor do jogo e do turismo, mas pode também afetar a diversificação estratégica e impedir a capacidade de absorção de choques", disse o analista, vincando que a Moody's vê as crescentes almofadas financeiras como um aspeto positivo para o território.

Sobre o que poderá fazer o 'rating' melhorar ainda mais, o analista explicou que, apesar de a Moody's não dar, por princípio, conselhos de política económica aos governos cuja credibilidade de crédito analisa, o tema da diversificação é essencial.

"Em termos dos gatilhos que podem desencadear uma subida do 'rating', consideraríamos alterar o 'rating' se o Governo acelerar na implementação da diversificação e garantir um crescimento económico mais forte, o que pode ir de fazer progressos materiais até iniciativas que apoiam o turismo, para além do setor do jogo, e potenciar a resiliência aos choques", concluiu o analista na entrevista à Lusa.

Mário Baptista