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No “curto prazo” vai haver mais investimento chinês em Portugal

A subdiretora de Informação da Agência Lusa, Margarida Pinto (E), modera o debate

O presidente da Câmara de Comércio Luso-Chinesa em Portugal, João Marques da Cruz, acredita que podem haver mais investimento chinês no mercado português "no curto prazo".

Marques da Cruz, que falava num debate na conferência promovida pela agência Lusa "O futuro de Macau na nova China", que decorreu hoje em Lisboa, em resposta a uma questão disse acreditar "que seja possível, no curto prazo, haver mais investimento chinês".

"Neste momento, estamos com mais exemplos positivos, do que num passado recente, de mais empresas portuguesas que estão a entrar no mercado da China", acrescentou.

Vinho, azeite e sapatos são alguns dos produtos portugueses que estão a ser bem acolhidos no mercado chinês.

"Eu diria que as empresas portuguesas estão a vender produtos de consumo (...) e têm como 'target' 10% da população chinesa que tem padrões da classe média", afirmou.

Admitindo que houve uma "fase" de investimento chinês que "não acrescentava grande valor" para Portugal, Marques da Cruz, considerou, porém, que, a prazo, isso poderá mudar.

"As empresas chinesas estão a aproximar-se do topo do 'ranking' das tecnologias", apontou.

Agora, em termos de gestão, referiu: "elas [as empresas chinesas] próprias reconhecem que ainda não estão lá, e que conseguem aprender com Portugal", referiu.

"Falta-nos [a Portugal] o sangue, que é o capital, mas em termos de gestão somos mais avançados", afirmou.

Esse foi outro dos motivos porque os chineses escolheram Portugal para investir, salientou João Marques da Cruz, considerando que um dos objetivos da China "era ganhar, com a internacionalização, 'know-how' de gestão".

O presidente da Câmara de Comércio Luso-chinesa recordou, a propósito, que ainda recentemente a China definiu dez empresas como dez campeões da internacionalização, que não são necessariamente só as maiores, - porém nessa relação está a China Three Gorges, acionista da EDP – e o objetivo dessa lista é que as empresas melhorem as suas práticas de gestão.

Marques da Cruz reconheceu também que as empresas chinesas “não precisam, mas têm vantagem” em estabelecer parcerias com empresas ocidentais, neste caso portuguesas, para entrarem em África e na América Latina.

"É verdade que em África e na América Latina há uma grande necessidade de investimento chinês, porque outras potências estão a sair desses continentes", afirmou, dando como exemplo o setor que melhor conhece, o da energia, onde frisou: "há uma lista impressionante de empresas americanas que estão a sair desse espaço, que está a ser ocupado pelas empresas chinesas".

A conferência promovida pela Lusa decorreu no Centro Científico e Cultural de Macau.

Ana Tomás Ribeiro