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Macau/99: Guarnição chinesa reduzida em sinal de boa-vontade, diz jornal

Arquivo Lusa 1999

Macau, 02 Ago (Lusa) - A guarnição militar que a China irá estacionar em Macau depois da transferência da administração do território em 19 de Dezembro será de envergadura reduzida, como  compromisso em relação a posições assumidas por Portugal, noticia hoje um jornal local.

O diário Va Kio cita fontes chinesas não identificadas que referem que a guarnição será apenas "simbólica", com o número de efectivos a não ultrapassar os 700 ou 800, contra os 1.000  inicialmente dados como certos, mas nunca confirmados oficialmente por Pequim.

As fontes citadas pelo Va Kio referem que a China adoptou uma "estratégia de longo prazo" tendo em conta o relacionamento com Portugal e que o estacionamento em Macau de uma guarnição reduzida do Exército Popular de Libertação (EPL) poderá ser uma forma de "salvar a face" da parte portuguesa na questão das tropas.

Pequim anunciou em Setembro de 1998 a intenção de estacionar tropas em Macau depois da transferência da administração como afirmação de recuperação do exercício da soberania sobre o  território, um anúncio que Portugal considerou uma decisão unilateral "injustificada" e "desnecessária".

Portugal deixou de ter efectivos militares estacionados em Macau em 1975.

A questão do estacionamento de tropas chinesas em Macau está ainda em discussão entre Lisboa e Pequim através de canais diplomáticos, enquanto publicamente a China insiste na urgência da  colaboração portuguesa em preparativos prévios para o estacionamento da guarnição e Portugal defende que o assunto deve continuar a ser discutido.

O Va Kio refere hoje que a falta de acordo entre as duas partes sobre os preparativos para o estacionamento da guarnição é também factor de influência na decisão de diminuir o número de  efectivos, por ser "difícil no tempo que resta até à transferência de poderes" criar infraestruturas para a instalação de um contingente militar de grande envergadura.

As fontes citadas pelo jornal adiantam ainda que, em caso de necessidade - "caos social ou desastres naturais para além das capacidades do governo" da futura Região Administrativa Especial de  Macau -, o exército chinês poderá prestar assistência rápida a partir dos aquartelamentos na Zona Económica Especial (ZEE) de Zhuhai, adjacente ao território.

A "base logística" da guarnição do EPL estacionada em Macau está em fase final de construção na cidade de Nanping, em Zhuhai, a cerca de 10 quilómetros de Macau.

De acordo com fontes chinesas, logo após a transferência da administração de Macau para a China, à meia-noite de 19 de Dezembro, a guarnição do EPL entrará no território através da nova ponte Flor de Lótus, que liga a ZEE à ilha de Coloane.

Lusa/Fim