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Arquiteto Carlos Marreiros classifica manifestantes de Hong Kong de mercenários

epa08006227 Pro-democracy protesters take cover behind umbrellas during clashes with police in the Jordan district of Hong Kong, China, 18 November 2019. Hong Kong is in its sixth month of mass protests, which were originally triggered by a now withdrawn extradition bill and have since turned into a wider pro-democracy movement.  EPA/MIGUEL CANDELA

O arquiteto de Macau Carlos Marreiros classificou os manifestantes antigovernamentais de Hong Kong de mercenários, que aparecem retratados no desenho "Red December", também nome da exposição inaugurada no território.  

"É um movimento fantástico. Se analisarmos do ponto de vista da estratégia militar e da organização, são fantásticos, são mercenários", disse aos jornalistas Carlos Marreiros sobre os protestos antigovernamentais que, há cerca de cinco meses, ocorrem quase diariamente em Hong Kong.

Os manifestantes "não têm ideologia, não têm objetivos, não têm programa político (...), aquilo é violência da mais gratuita possível, é inacreditável", afirmou.

"Marcam a atualidade pela negativa e, por isso, merecem estar nos meus desenhos", considerou o artista, referindo-se à obra "Red December", realizada entre 2018 e este ano.

A obra pretende representar numa embarcação que "não navega, flutua", "uma cidade de muitas cidades, uma Macau de muitas Macaus", juntando "bocados de Lisboa, Porto, Rio de Janeiro, Pequim, Londres, Praga, cidades ou fragmentos de cidades" da preferência do artista, e 109 personalidades, entre escritores, pintores, compositores e políticos, entre outros, explicou.

O que está patente é uma redução da obra, já que o original, com quatro metros por três, não cabia na sala, acrescentou.

Entre vários pormenores sobre Macau ou as nove cidades da Grande Baía presentes no desenho, o artista destacou a assinatura da declaração conjunta, na origem da transferência de Macau e de Hong Kong para a China, lembrada pelas figuras do líder chinês Deng Xiaoping, do poeta português Luís de Camões e do escritor britânico William Shakespeare.

Carlos Marreiros adiantou que "esta exposição é feita durante o 20.º aniversário da RAEM [Região Administrativa Especial de Macau] e o que deu origem à transferência foi uma coisa chamada declaração conjunta".

Antes das declarações aos jornalistas, o arquiteto tinha deixado algumas críticas à sociedade de Macau nas palavras que proferiu perante o antigo chefe do Executivo Edmund Ho, o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, e o diretor do Departamento de Propaganda e Cultura do Gabinete de Ligação do Governo chinês na RAEM, Wan Sucheng, entre outros responsáveis.

"Passaram-se 20 anos e nós temos em Macau gente com qualidade, quer no setor privado, quer no Governo, mas há três tipos de pessoas que o Governo e a sociedade de Macau devem evitar: os invejosos, os mesquinhos e os burocratas", defendeu.

"A administração está a criar curtos circuitos em Macau por causa dos burocratas que não fazem nenhum, só estão à espera da promoção, produzem calor e papel, portanto nem amigos do ambiente são", acrescentou.

Organizada pelo Instituto Cultural de Macau, a exposição "Red December", que inclui ainda cerca de 40 cadernos de esboços de Carlos Marreiros nunca apresentados, vai estar patente na galeria do Tap Seac até 13 de fevereiro próximo.

Elsa Jacinto