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Macau/99: Portugal legou capacidade de “continuar a florescer” no seio da China

Arquivo Lusa 1999

Macau, 12 Nov (Lusa) - Portugal legou a Macau a capacidade de "continuar a florescer e a prosperar no seio da República Popular da China" depois da transferência da administração, defendeu hoje o decano do corpo consular acreditado no território.

Armando Jarque, cônsul-geral do México em Hong Kong, disse que "Portugal legou a Macau uma cultura sem preço, uma infraestrutura sólida, um sistema legal e uma administração eficiente que permitirão (ao território) continuar a florescer e prosperar no seio da República Popular da China".

"O fim da administração portuguesa (em 19 de Dezembro) não significa o fim da presença cultural portuguesa. Macau é e continuará a ser uma confluência do Ocidente e do Oriente", "um símbolo de uma  sociedade multicultural em que a promoção da diversidade é a regra", disse o decano dos diplomatas sediados em Hong Kong com acreditação em Macau durante um jantar oferecido pelo corpo diplomático ao governador do território, Rocha Vieira.

Durante o jantar, em que estiveram representados 45 países, num total de mais de uma centena de convidados, Rocha Vieira salientou o "significado geopolítico do sucesso da transição de Macau".

Para Rocha Vieira, "o princípio um país dois sistemas não interessa apenas à China, interessa a todos os que reconhecem que as relações num mundo globalizado não têm de impor a uniformidade mas que, pelo contrário, a verdadeira riqueza dessas relações está na defesa das particularidades e singularidades de cada região, de cada território".

"Ao trabalharmos na defesa da singularidade de Macau, ao valorizarmos os seus recursos materiais e humanos, ao promovermos a abertura de Macau em todas as direcções e, em especial, nas suas relações com a União Europeia, apenas estivemos a prosseguir o que foi o impulso inicial que trouxe os portugueses, na vanguarda da Europa, até estas terras do oriente", disse o governador.

Rocha Vieira afirmou que Macau "é, como sempre foi, ao longo de mais de quatro séculos e meio, um exemplo concreto do que pode ser feito quando há relações de amizade e vontade de entendimento, como houve, no passado e agora, entre Portugal e a China".

Macau "continuará a ser um território e uma cidade de liberdade e de mistura de culturas, sabendo respeitar as diferenças e afirmando-se como uma sociedade tolerante, onde os direitos universais serão respeitados, onde continuará a ser agradável viver", disse.

"Este mundo globalizado (...) precisa de cidades como Macau, que têm a vocação de estabelecer a inter-relação entre regiões, entre culturas, entre povos, onde a vontade de entendimento seja a base mais sólida para os projectos e as iniciativas de cooperação", concluiu.

Lusa/Fim