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FMI estima que crescimento da economia de Macau baixou para 5,6% em 2018

epa05523469 Chinese President Xi Jinping (R) welcomes Managing Director of the International Monetary Fund (IMF) Christine Lagarde (L) for the G20 Summit in Hangzhou, China, 04 September 2016. The G20 Summit is held in Hangzhou on 04 to 05 September.  EPA/HOW HWEE YOUNG

 

 

O Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que o crescimento da economia de Macau desacelerou para 5,6% em 2018, quando em 2017 a economia do território cresceu 9,7%. 

O FMI aponta que a “receita do jogo e turismo voltou a crescer em 2017 e no início de 2018”, mas que na segunda metade do ano passado foi registado “um crescimento moderado (…) um investimento menor e a redução do jogo VIP”, derivado da desaceleração da economia chinesa e das “tensões comerciais entre os EUA e a China”.

Em abril, ainda na primeira metade do ano, o FMI tinha antecipado um crescimento de 7% em 2018.

“A inflação aumentou em 2018, impulsionada pelos preços da habitação, alimentos e energia. O crédito continuou a aumentar ao longo de 2018, enquanto a taxa de juro de empréstimos aumentou ligeiramente”, lê-se na análise à economia de Macau.

A instituição ressalva que o desemprego continua baixo. De acordo com dados do Governo de Macau, o desemprego no território fixou-se nos 1,8% em 2018, um valor que representa uma melhoria de 0,2 pontos percentuais em relação a igual período do ano passado.

Em 2019, o crescimento deverá diminuir um ponto percentual, para os 5,5%, segundo o FMI.

Esta desaceleração em 2019 deve-se porque o FMI estima que, apesar do crescimento do turismo e do jogo de massas, as receitas provenientes do jogo VIP vão diminuir este ano e, por essa razão, os impostos diretos sobre o jogo vão encolher.

Em 2018, os impostos diretos - 35% das receitas brutas - sobre o jogo representaram 79,6% da totalidade das receitas públicas de Macau, segundo dados oficiais das autoridades do território.

O FMI prevê ainda que o investimento “permaneça fraco, embora melhorando a médio prazo, em parte devido ao expirar das licenças de jogo”, que terminam entre 2020 e 2022. Até à data não é conhecido um calendário para a revisão das licenças, nem é claro se será mantido o modelo de concessões e subconcessões.

O FMI aponta, contudo, que “apesar de as perspetivas serem mais moderadas” do que nos últimos tempos, “elas são também menos voláteis”, esperando ainda “que os superavits fiscais continuem no médio prazo”, embora mais reduzidos.

Para o FMI, os maiores riscos para a economia de Macau vêm do continente chinês: “a economia pequena e aberta de Macau é altamente vulnerável à evolução económica, financeira e política no continente. Com a maioria dos turistas vindos do continente, qualquer política que prejudique o seu poder de compra no exterior afeta negativamente o crescimento”.

As tensões comerciais EUA/China, segundo o FMI, podem ter um impacto significativo no território, através da diminuição dos turistas chineses, que segundo dados oficiais representaram 25 milhões dos 35,8 milhões de turistas em 2018.

As tensões sino-americanas, avisa a instituição, podem causar a “redução do investimento por parte dos três operadores de casinos norte-americanos (MGM, Wynn e Sands)”.

Como fator desestabilizador para a indústria do jogo, o FMI diz que a aposta no jogo por parte de alguns países emergentes asiáticos pode começar a desviar turistas de Macau.

De forma a atenuar estes riscos externos, o FMI aconselha o Governo de Macau a aumentar o investimento público, de forma a diversificar a economia do território.

Em finais de julho, o FMI estimou que Macau registe em 2020 o maior rendimento 'per capita' do mundo, destronando o Qatar.

Os dados divulgados pelo FMI a 27 de julho indicam que Macau apresenta neste momento um rendimento 'per capita' de 105 mil euros, só ultrapassado pelo Qatar, com 111 mil euros.

Em 2020, o rendimento 'per capita' de Macau deverá subir para os 124 mil euros, quase o triplo da média das economias mais avançadas como a Austrália, Estados Unidos, Áustria, Reino Unido e China continental.

Miguel Mâncio