Cáritas critica problemas na distribuição de riqueza
O secretário-geral da Cáritas Macau disse em entrevista à Lusa que o território possui um dos maiores Produto Interno Bruto (PIB) ‘per capita’ do mundo, mas que a riqueza está mal distribuída.
“Somos muitos ricos ‘per capita’ mas a riqueza não está distribuída de acordo com o nosso desenvolvimento”, lamentou Paul Pum, responsável da instituição desde 1991, primeiro enquanto assistente do diretor, depois de 2000 na qualidade de secretário-geral.
Para ilustrar a disparidade, Paul Pum deu o seguinte exemplo que respeita à evolução do território desde a passagem da administração para a China: “O Governo aumentou em 14 vezes, desde 1999, [a despesa] na área social, mas o preço da habitação cresceu 21 vezes”.
Ou seja, concluiu, “não se conseguiu acompanhar a inflação, por isso não conseguimos alcançar o progresso”.
Contudo, ressalvou, “hoje temos menos gente pobre porque com as políticas do Governo tem-se feito um esforço imenso para reduzir a pobreza e aqueles que têm menores rendimentos, e não apenas aqueles que mal podem sobreviver”.
Isto porque, explicou, “foram estendidos os limites a quem poderia beneficiar de apoio e hoje mais pessoas podem ser ajudadas”.
O responsável da Cáritas Macau afirmou não defender um aumento dos impostos para garantir mais e melhor apoio social à população, especialmente um que incidisse sobre a exploração do jogo.
“Aumentar os impostos podia ser uma forma, mas também poderia desencorajar o investimento. Acho que a situação atual está bem. Não estou a falar em nome da indústria do jogo”, ressalvou, com um sorriso.
É que, frisou, “ao receber um terço do jogo, Macau já é o segundo território mais rico ‘per capita’ do mundo”.
“Não devemos ser gananciosos”, disse, preferindo outra aposta: “Temos de saber como podemos usar melhor o dinheiro, isso é importante. Temos de planear como gastar dinheiro e construir infraestruturas, estabelecer prioridades para não ter de se suportar um fardo no futuro”.
A Cáritas Macau providencia serviços sociais que abrangem os mais idosos e deficientes, passando pelo apoio dos mais jovens e menores, até às vítimas de violência doméstica.
Com um orçamento anual na ordem dos 400 milhões de patacas (44,7 milhões de euros), a instituição conta com 1.300 colaboradores. Destes, 90 são enfermeiros, 200 são assistentes sociais, sete são médicos e 20 têm funções como fisioterapeutas, terapeutas da fala e ocupacionais.
Dos utentes, cerca de 800 são idosos que se encontram em lares e 500 pessoas portadores de deficiências, sendo proporcionado cuidados ao domicílio a mais de 200 pessoas.
Outros 600 idosos que vivem sozinhos, que mantém alguma autonomia, são apoiados pela instituição, que providencia ainda um serviço de refeições ao domicílio a 500 pessoas na Taipa, Coloane e na zona norte da cidade.
Falta pessoal para enfrentar desafios
“A falta de pessoal é um grande desafio”, admitiu Paul Pum, sublinhando que a maior carência é ao nível do pessoal médico, nomeadamente de enfermeiras.
“Não temos enfermeiras suficientes para enfrentarmos os desafios do futuro, pelo que não podemos expandir os nossos serviços”, apontou o responsável da instituição desde 1991, primeiro enquanto assistente do diretor, depois na qualidade de secretário-geral.
“Precisamos de quem se dedique a servir as pessoas no âmbito da missão da Cáritas, seja remunerada [a prestação do serviço] ou em regime de voluntariado”, acrescentou.
Paul Pum explicou que essa foi a razão pela qual a Cáritas já fez um apelo à comunidade das enfermeiros “para que se voluntariassem ou fizessem parte do pessoal em regime parcial”.
O secretário-geral explicou que a expansão dos serviços passa não só pela admissão de mais utentes, mas em reforçar a resposta aos que já se encontram na instituição, com um foco, por exemplo, nos mais idosos e naqueles que apresentam constrangimentos ao nível da mobilidade.
“O envelhecimento da população é uma realidade, mas não temos tempo para nos preocuparmos, temos que nos preparar e ensinar a nova geração a cuidar dos mais velhos, como o estamos a fazer”, frisou.
Contudo, o maior desafio estrutural para o secretário-geral da Cáritas Macau passa pela capacidade de a instituição definir e reforçar a sua missão que integre “diferentes fés e etnicidades”.
Se no passado a Cáritas era maioritariamente constituída por portugueses e chineses e respondia às suas necessidades, “agora há que contar com os migrantes, porque há cerca de 190 mil em Macau”, observou.
A Cáritas Macau providencia serviços sociais que abrangem os mais idosos e deficientes, passando pelo apoio dos mais jovens e menores, até às vítimas de violência doméstica.
Com um orçamento anual na ordem dos 400 milhões de patacas (44,7 milhões de euros), a instituição conta com 1.300 colaboradores. Destes, 90 são enfermeiros, 200 são assistentes sociais, sete são médicos e 20 têm funções como fisioterapeutas, terapeutas da fala e ocupacionais.
Dos utentes, cerca de 800 são idosos que se encontram em lares e 500 pessoas portadores de deficiências, sendo proporcionado cuidados ao domicílio a mais de 200 pessoas.
Outros 600 idosos que vivem sozinhos, que mantém alguma autonomia, são apoiados pela instituição, que providencia ainda um serviço de refeições ao domicílio a 500 pessoas na Taipa, Coloane e na zona norte da cidade.
João Carreira